A direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, manifestou nesta sexta-feira, 6, preocupação com o desempenho negativo das exportações de veículos e pediu que o governo busque acordos bilaterais para melhorar a competitividade dos produtos br
A direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, manifestou nesta sexta-feira, 6, preocupação com o desempenho negativo das exportações de veículos e pediu que o governo busque acordos bilaterais para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros em mercados vizinhos.
Enquanto as vendas no Brasil mostraram em setembro a segunda melhor média diária do ano, atrás apenas de julho, quando o mercado foi turbinado pelos descontos patrocinados pelo governo, as exportações, de 27,4 mil veículos, tiveram o pior resultado mensal desde setembro de 2021.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse que a situação preocupa o setor por ter reflexos na produção. “Se o setor tivesse mantido a constância das exportações, como a gente vinha colocando no ano passado, e batendo recorde de exportações, certamente teria sido um alívio para as nossas fábricas e geração de empregos”, declarou o executivo para, na sequência, apontar o desempenho ruim das vendas ao exterior como o maior desafio hoje da indústria automotiva.
Ao contrário da entrevista coletiva de resultados concedida no mês passado, Leite evitou fazer menções à “ameaça chinesa”, porém voltou a citar o avanço na região de automóveis produzidos em outros países, que tem levado a uma perda de participação dos carros brasileiros em mercados vizinhos.
O presidente da Anfavea cobrou acordos bilaterais para a eliminação de restrições à entrada de automóveis brasileiros, citando entre elas as cotas de importação na Colômbia.
“Precisamos ter uma visão, do governo e também do setor, para ampliar esses acordos com outros países para que o Brasil mantenha uma forte presença e competitividade dentro do seu quintal”, declarou Leite, referindo-se aos mercados vizinhos.
Além de mais um recuo das exportações para o Chile, como vem acontecendo desde o início do ano, a desaceleração das vendas para a Argentina, em virtude de incertezas associadas às eleições deste mês no país, explica a queda de 3,9% no comparativo interanual, e de 20,6% frente a agosto, das exportações totais de veículos em setembro.
A manutenção do ritmo de vendas no Brasil, avaliou o presidente da Anfavea, afastou “um pouco” o receio quanto a uma retração do mercado após o fim dos descontos patrocinados pelo governo. Segundo a entidade, ainda existe também uma demanda reprimida por parte das locadoras. Porém, Leite pontuou que o crescimento acima do previsto do consumo brasileiro de veículos vem sendo em maior parte, dois terços, absorvido por carros importados.
Com a produção em ritmo de 10,4 mil veículos por dia, a melhor média diária desde o início do ano, os estoques nos pátios de fábricas e concessionárias subiram de 244,7 mil para 265,8 mil veículos no último mês, chegando ao maior volume em três anos e meio.
O aumento de estoque, hoje suficiente para 40 dias de venda, não é desprezível e precisa ser acompanhado com atenção para não levar a novas interrupções de produção, julgou Leite.